Rococó

Movimento artístico surgido em França no século XVIII,
dando origem , na arte e na arquitectura, a um estilo
caracterizado por uma certa leveza a delicadeza no seu
acentuado decorativismo. O "rococó" derivou do rocaille
(designação adoptada dos trabalhos ornamentais
executados com conchas ou pedras), um estilo de
decoração de interiores baseado numa linearização
curvilínea e em elementos naturalistas. Pertencem à voga
francesa do rococó as obras de Jean-Antoine Watteau e a
porcelana de Sèvres, por exemplo. Na década de 1730, o
movimento foi divulgado através da Europa, revelando-se,
nomeadamente, nas igrejas e palácios do sul da Alemanha
e da Áustria. O mobiliário Chippendale é uma versão
inglesa do estilo rococó francês.

Outras características do rococó são o uso de dourados e
ornamentos assimétricos, com pormenores naturalísticos
elegantes e a pintura mural, com delicadas cenas pastoris
e representações ilusionísticas. A concepção
arquitectónica e dos interiores do pavilhão Amalienburg,
perto de Munique (Alemanha) e o pavilhão do hôtel de
Soubise, em Paris (França), são típicos do movimento. Os
pintores François Boucher e Jean Honoré Fragonard
pintaram ambos painéis decorativos tipicamente rococó
para hôtels (casas apalaçadas) parisienses. Em Portugal,
o rococó ficou associado às obras arquitectónica de
Mateus Vicente de Oliveira (palácio de Queluz) e de André
Soares (palácio do Raio, em Braga), com maior expressão
no norte do país.

Em Portugal

o rococó surgiu no reinado de D. João V,
inicialmente por influência de artistas franceses que
estiveram no país. Outra fonte importante foram as
gravuras e estampas alemãs, sobretudo no norte de
Portugal (região do Minho), onde o rococó se implantou
mais vigorosa, exuberante e originalmente, como se pode
constatar pelas obras do arquitecto André Soares (Palácio
do Raio, Igreja da Madalena). De resto, o rococó assumiu
em Portugal feições regionais distintas: em Lisboa, por
exemplo, conviveram o rococó da corte (Palácio de
Queluz) e o classicismo pombalino; no Alentejo, o
neoclassicismo, impôs-se rapidamente. O rococó
prolongou-se ainda nos reinados seguintes, com vestígios
mesmo no século XVI.


Pintura Rococó

Na pintura as transformações são completas. Tudo quanto o barroco possuía de teatral, heróico e dramático, realista e popular, tudo isso se transforma ou desaparece, substituído pela graciosidade decorativa, fantasia e erotismo, aristocratismo e mundanidade.
As transformações começam pelos temas. Desaparecem praticamente a pintura religiosa, os acontecimentos sagrados narrados dramaticamente, os martírios cruéis, os calvários sangrentos, as virgens e madalenas agoniadas e soluçantes, olhos levantados aos céus, os êxtases torturantes. Agora, os temas são outros, frívolos, mundanos e galantes. Tudo vai falar quase que exclusivamente das graças da mulher. São cenas de boudoir ou de alcova, de salão ou de interiores luxuosos, festas e reuniões em parques e jardins, em suma, o cotidiano da aristocracia, ociosa e fútil, pastorais idílicas e sobretudo nus femininos. O século é o da mulher, cujas graças jamais tinham sido cantadas como souberam cantá-las Watteau, Fragonard e Boucher, os franceses que melhor representam essa pintura. As virgens dolorosas, as madalenas aflitas, os apóstolos e santos compungidos, as paisagens e os céus tempestuosos dos barrocos são substituídos por Vênus e ninfas, amorzinhos petulantes, marqueses e marquesas maneirosos, festas e reuniões em jardins e paisagens de sonho. Quando as cenas bíblicas aparecem são também aristocratizadas.
Também a técnica se transforma na pintura. Não são mais as pinceladas impulsivas e pastosas do barroco, nem as massas sintéticas e tumultuosas, muito menos os violentos contrastes de claro-escuro e as cores intensas para as sugestões de drama.
São pinceladas rápidas, leves e curtas, desenho decorativo, tonalidades claras e luminosas em que predominam os rosas, azuis, verdes e lilases, delicados e feéricos. Os pintores tornam-se exímios na representação dos tecidos finos, sedas e brocados achalamotados, tafetás e veludos, vaporosidade das gases e musselinas e das carnações femininas.
Uma das particularidades da época, diz Louis Réau, é o aparecimento de retratistas femininos, que rivalizam com os homens e forçam as portas da Academia. Também o gosto da prática das artes, da música, da pintura e da gravura, na alta sociedade. A Marquesa de Pompadour, por exemplo, estudava desenho e gravura com o pintor Boucher. Discutia problemas de técnica e de expressão, dava opiniões, como se fosse artista profissional e vivesse daquilo. Quer dizer, sofria sofrimentos de artista.
Outra particularidade da época é a generalização da técnica do pastel. O pastel, em última instância, é um giz colorido, pastoso e aderente, feito com terras bem moídas. Aplica-se o pastel sobre papel rugoso ou com a superfície áspera, adrede preparada, para recebe-lo e fixa-lo, ou mesmo sobre camurça. Há pastéis mais duros, próprios para acentuar as partes do desenho, outros mais brandos, para as massas de cor. O pastel foi verdadeira moda no século XVIII, especialmente no retrato, pois se presta com facilidade à expressão de certos efeitos de delicadeza e leveza dos tecidos, maciez da pele feminina, sedosidade dos cabelos, de luzes e brilhos. Quase todos os grandes pintores rococós foram também pastelistas. É bastante significativo que naquele século de estuques, espelhos, porcelanas, rendas, nudez feminina e minueto, jardins e comédias galantes, a técnica de pintura mais apreciada fosse justamente o pastel, que, como estuque nas decorações arquitetônicas e a porcelana na escultura decorativa, caracteriza-se pela fragilidade e efemeridade.
Nos seus temas e técnicas, como podemos ver, as artes rococós estão revelando, ao bom entendedor, a fragilidade e efemeridade da classe cujos interesses e espírito tão fielmente souberam expressar - a aristocracia, que está para desaparecer na convulsão sangrenta da grande revolução burguesa, quando o século dourado acabará. Assim é que os artistas profetizam e denunciam, com maior nitidez, as transformações da sociedade do que mesmo rigorosas conclusões dos cientistas sociais. Os artistas sempre forma premonitórios, isto é, sempre avisaram, sempre estão avisando. Esta faculdade artística parece indispensável ao verdadeiro estadista, que deve ver mais longe do que o comum dos governados. Os grandes reformadores sociais são, neste sentido, grandes artistas.
Esta a lição dos fatos da história das artes. Enquanto os ideólogos da monarquia absoluta a proclamavam eterna, pela vontade divina, os artistas do rococó a denunciavam com a mesma fragilidade, efemeridade e feminilidade de estuque, da porcelana e do minueto.
[TOPO]

Pintura Francesa no Século XVIII

A pintura Francesa apresenta no século XVIII três aspectos diferentes. Na primeira metade do século, em substituição aos modelos do academismo da escola bolonhesa dos Carracci, predomina o gênero nitidamente rococó, a chamada pintura fêtes galantes, graciosa luminosa e fantasista, tão bem representada por Watteau e Fragonard.
Na segunda metade do século volta o academismo clássico, agora diretamente inspirado na antigüidade greco-romana e nos mestres renascentistas italianos,. Os temas mundanos e galantes do rococó estão sendo substituídos pelos temas históricos, patrióticos e moralizadores da nova tendência, que se chamará neoclassicismo e marcará artisticamente o primeiro quartel do século XIX.
O terceiro aspecto é a corrente realista, influenciada pelos realistas barrocos holandeses e flamengos, continuadora da escola dos irmãos Le Nain. São artistas que fixam cenas da pequena burguesia e da vida provinciana, entre cujos representantes se destaca Jean Baptiste Chardin.
Desse modo, no balanço final, as três direções da pintura francesa no século XVIII são - rococó, realismo e neoclassicismo. As duas últimas, o neoclassicismo e o realismo, vão se tornar dominadoras e características no século XIX, com as escolas fundadas por David e Coubert. Quase todo o século XVIII será mais nitidamente rococó.




Artistas do rococó

Na arquitetura destaca-se Gabriel-Germain Boffrand (1667-1754) e Johann Balthasar Neumann (1687-1753).

NEUMANN (Johann Balthasar), arquiteto e engenheiro alemão (Cheb, Boêmia, 1687 - Würzburg, 1753). Mestre do ilusionismo barroco. Entre suas obras principais estão o palácio de residência de Würzburg e a igreja dos Vierzehnheiligen (14 santos), na Baviera.

Gabriel, extremamente popular na Paris do Século 18, construía casas para a aristocracia francesa, preocupando-se sempre com a harmonização entre a construção e a decoração de seu interior ao estilo rococó.

Um dos exemplos mais conhecidos de seu trabalho é o Salon de la Princesse no Hôtel de Soubise (1732).

Trata-se de uma rica sala de recepção numa casa particular, em que elementos como janelas e espelhos são usados para dar a sensação de amplitude e fragmentar a luz.

É fantástica a integração entre as formas arquitetônicas e a decoração e pinturas presentes na moradia.

Arquitectura


Na arquitetura, o rococó adquiriu importância principalmente no sul da Alemanha e na França. Suas principais características são uma exagerada tendência para a decoração carregada, tanto nas fachadas quanto nos interiores. As cúpulas das igrejas, menores que as das barrocas, multiplicam-se. As paredes ficam mais claras, com tons pastel e o branco. Guarnições douradas de ramos e flores, povoadas de anjinhos, contornam janelas ovais, servindo para quebrar a rigidez das paredes. O mesmo acontecia com a arquitetura palaciana.

A expressão máxima do rococó na arquitetura palaciana são os pequenos pavilhões e abrigos de caça dos jardins. Construídas para o lazer dos membros da corte, essas edificações, decoradas com molduras em forma de argolas e folhas transmitiam uma atmosfera de mundo ideal. Para completar essa imagem dissimulada, surgiam no teto, imitando o céu, cenas bucólicas em tons pastel.A arquitetura dos irmãos Asam é fundamental dentro do rococó. Em sua série de igrejas do sul da Alemanha, a decoração se sobrepõe à estrutura e o interior sobre o exterior do edifício, de planejamento mais modesto. O paradígma do salão rococó é a Kaisersaal do Palácio de Wurzburg, onde a ornamentação chega a um grau de extravagância quase quebradiça, tamanha a minúcia. Através de ornatos ilusionistas e figuras escultóricas que voam, as paredes quase desaparecem, num efeito mágico de leveza.









Barroco

Nas artes visuais, na arquitectura, e na música, estilo que
floresceu na Europa, entre 1600-1750, caracterizado por
uma grande expressividade, exuberância e dinamismo de
linhas. Representando um papel importante nas acções de
"cruzada" da contra-reforma católica, o barroco recorreu a
efeitos muito elaborados, de modo a apelar directamente
às emoções dos espectadores das obras, particularmente
nas vertentes da arquitectura e da arte sacra. Algumas das
obras mais significativas deste período, nas áreas da
escultura, pintura, artes decorativas e arquitectura (como
as da autoria de Bernini: a capela Cornaro, em Santa
Maria della Vittoria, Roma, onde se encontra a sua
escultura O Êxtase de Santa Teresa, 1645-1652) foram
concebidas para produzir efeitos de grande dramatismo.
Muitas das obras-primas do barroco surgem nos palácios
e igrejas de Roma, embora o estilo se tenha disseminado
pela Europa, alterando-se as suas características iniciais
ao longo da sua divulgação, com acréscimos regionalistas.
Em Portugal, o barroco implantou-se mais tarde do que na
generalidade dos outros países europeus, atingindo o
apogeu na época de D. João V. É de referir a "exportação"
deste estilo para territórios do império colonial português,
como o Brasil ou a Índia. Por comparação com o resto da
Europa, foi conferida uma atenção especial a artes menos
monumentais, tais como a azulejaria, a ourivesaria, a
cerâmica ou o mobiliário.

Arquitectura

Na arquitectura, o estilo barroco emergiu como uma
ruptura com as convenções rígidas do classicismo
prevalecente no renascimento italiano: as linhas rectas
deram lugar a linhas curvilíneas e quebradas; a decoração
tornou-se um elemento mais importante e complexo e os
espaços tornaram-se mais elaborados na sua concepção.
O seu impacto era realçado pelo dramatismo dos jogos
das volumetrias e de luz e sombra. Os projectos
arquitectónicos apresentavam agora escalas bastante
grandiosas, como é visível na piazza de Bernini para a
catedral de São Pedro de Roma. Entre os arquitectos mais
importantes do barroco europeu encontram-se: Bernini,
Francesco Borromini, Pietro da Cortona, Baldassare
Longhena e Giovanni Guarini, em Itália; Louis Le Vau e
Jules Hardouin-Mansart, em França; e Christopher Wren,
Nicholas Hawksmoor, e John Vanbrugh, em Inglaterra. Em
Portugal, é de destacar o trabalho de arquitectos
estrangeiros, como Ludovice. Exemplares importantes são
a Biblioteca da Universidade de Coimbra (de arquitecto
desconhecido, talvez o entalhador Gaspar Ferreira); no
norte do país, o barroco associou-se mais ao gosto local;
destacam-se, no Porto, a Igreja, Casa e Torre dos Clérigos
(do italiano Nasoni) e, em Braga, o Santuário do Bom
Jesus (de Manuel Pinto de Vilalobos).

Pintura


Na pintura, Caravaggio, com o seu ousado uso da luz e
da sombra, aplicado em poderosas composições, foi um
dos primeiros expoentes do novo estilo, embora os
Carracci e Guido Reni se tenham tornado símbolos mais
característicos do período inicial do barroco, com as suas
composições grandiosas de tectos, em pinturas
ilusionísticas, enquadradas na exuberante decoração
vegetalista da arquitectura de interiores. Os trabalhos de
Pietro da Cortona e Il Guercino exemplificam por outro lado
o período do barroco pleno, na sua maturidade estilística.
Na Flandres católica, o barroco ficou representado pela
obra de Pieter Paul Rubens e Anthony van Dyck e, em
Espanha, por Diego Velázquez e José Ribera. Na Holanda
protestante, onde o mecenato artístico se tinha deslocado
das hierarquias religiosas para as classes médias,
salienta-se Rembrandt, Jan Vermeer e Frans Hals. Em
Portugal, a pintura revelou a influência romana.
Salientaram-se as figuras de Vieira Lusitano, André
Gonçalves, Jerónimo da Silva, António Lobo, Domingos
Vieira e Josefa de Óbidos. Na pintura de tectos,
destacou-se o italiano Baccarelli.

Escultura

Na escultura, o mestre do barroco foi Bernini, cujo Êxtase
de Santa Teresa representa exemplarmente a exuberância
emocional da escultura da época. A influência de Bernini
fez-se sentir em Portugal. Destacaram-se, para além de
alguns estrangeiros, os nomes de José de Almeida,
Jacinto Vieira, Manuel Dias e Machado de Castro (com a
estátua equestre de D. José I). A ireja de Arouca conserva
um conjunto significativo de esculturas religiosas barrocas.
Muito sucesso teve igualmente a talha de madeira,
dourada ou em policromia, distinguindo-se Santos
Pacheco, José de Almeida, Jacinto da Silva e Manuel
Quaresma. Um bom exemplo desta arte é a capela-mor da
Igreja de Santa Catarina, em Lisboa. Nas artes
decorativas, o azulejo atingiu o seu período de máximo
esplendor. Foi utilizado no revestimento interior de igrejas,
a par com a talha dourada, explorando-se assim efeitos de
contraste cromático. Importantes foram os nomes de
Oliveira Bernardes (vários elementos de uma mesma
família), Agostinho de Paiva, António Pereira, Manuel dos
Santos, André Gonçalves, entre outros. As peças de
ourivesaria eram sumptuosas, sobretudo no reinado de D.
João V, sendo muitas delas de arte sacra (como a famosa
custódia da Capela da Bemposta).

Música

Na música, pode considerar-se que o barroco remonta à
Camerata, uma sociedade de poetas e músicos que
fizeram reviver elementos do teatro grego, desenvolvidos na
ópera barroca, em Florença. Claudio Monteverdi e Giovanni
Gabrieli, foram dois nomes importantes no período inicial
da música barroca, introduzindo efeitos polifónicos. A
sonata, a suite e o concerto grosso emergiram nesta
época. As formas da música vocal da ópera de oratória e
da cantata foram também desenvolvidas. Entre os
compositores do barroco encontram-se Girolamo
Frescobaldi e Antonio Vivaldi, em Itália, Johann Pachelbel
e J. S. Bach, na Alemanha, e Georg Handel, em Inglaterra.
Em Portugal, a música barroca atingiu o apogeu com
Francisco António de Almeida, Carlos Seixas e João de
Sousa Carvalho, no século XVIII.

O historiador de arte suíço Jacob Burckhardt foi o primeiro
a usar o termo "barroco", no sentido de "bizarro",
"irregular", tendo o termo, no entanto, sido absorvido pela
linguagem da história da arte.